A uma semana atrás, estava na faculdade almoçando, quando duas meninas sentadas ao meu lado soltaram “tem alguma competição importante acontecendo?”
Se voce não é uma pessoa alienada, que não sintoniza em somente um canal de televisão e que tem acesso a outras fontes de informação deve saber que ontem terminou os Jogos Pan Americanos de Guadalajara. Não sabia?
No decorrer das duas ultimas semanas uma das mais importantes competições esportivas vem ocorrendo. Mas sinto dizer que ela foi relegada a coadjuvante.
Uma compretição que quatro anos atras quando ocorreu no Rio de Janeiro, teve a maior cisibilidade possivel naquela época, mostrando o desempenho de nossos atletas e pela primeira vez mostrou se o país sairia bem num aquecimento para uma candidatura as olimpiadas.
O PAN terminou neste domingo, e tivemos nossas vitorias e nossas derrotas. Algumas merecidas, outras muito sofridase não podemos falar mal de nossa delegação, eles fora lá e representaram o Brasil da melhro maneira que podiam, dentro das limitações deles.
Para mim os jogos Pan-americanos, que eu acompanhei ao longo dessas semana teve seus lados bons e ruins. O lado bom obviamente são as conquistas que o país teve, nas mais diversas modalidades, assim como o evento em si, que já é um grande espetáculo. Mas, infelizmente, eu não vim aqui falar bem dos jogos. Porque para mim, na verdade foi uma grande decepção.
Apesar do bom desempenho brasileiro, os jogos não podem sequer ser um termômetro para as Olimpíadas. São poucas as modalidades que tem real chance de medalhas de ouro, podemos incluir nessa conta alguns esportes coletivos como o vôlei, e alguns atletas individuais como o Cesar Cielo, Maurren Maggi e o Diego Hipolyto, que realmente estão no nível de competição internacional e com reais chances de conquista olimpica. Para o resto sinto dizer, falta profissionalismo, sangue frio, controle emocional, competitividade e para alguns há uma certa dose de amadorismo. Mas alheio a todos esses problemas, falta mesmo é investimento nas diferentes modalidades esportivas aqui no Brasil, pouco se investe e pouco se incentiva em outras modalidades que não seja futebol. Pelo menos estamos vendo a situação se reverter com o vôlei e a natação.
Alguns atletas podem até se destacar no Pan, como o nadador Thiago Pereira e seus vários ouros. Apesar de ir bem na competição, ele não possui índices suficientes para ir bem nas Olimpíadas (foi o que ocorreu em Pequin), e com os tempos dele não conseguiria sequer uma medalha numa competição de alto nível. O mesmo se aplica para algumas outras modalidades, que tiverem um excelente desempenho na competição americana, mas que simplesmente não possuem competitividade para sequer sobreviver num mundial competindo contra atletas do resto do mundo.
Sinto dizer, que por enquanto, não há muito o que se esperar do Brasil para as Olimpíadas de Londres, o que temos esta aí. Precisamos é pensar em como será 2016, se o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), vai se aproveitar do fato de que poderemos competir em todas as modalidades, e desenvolver os mais diversos esportes aqui no país.
Mas definitivamente algo que me deixou mais revoltada nestes jogos, não foi a decepção em algumas modalidade do brasileiros, foi a falta de sensibilidade da imprensa em geral (incluindo a Record) com a competição. Sou totalmente contra o fato de os direitos de transmissão dos jogos serem vendidos para uma só emissora, os jogos deveriam ser de livre acesso para todos. Apesar do discurso de que as imagens poderiam ser vinculadas em qualquer emissora, o fato de a transmissão ser monopolizada, acabou fazendo com que outras emissoras nem sequer falassem dos jogos (lê-se Globo aqui).
A falta de comprometimento com o esporte, e visão individualista de cada um correndo atrás daquilo que considera melhor, deixou por varias vezes a competição relegada a coadjuvante.
A Sr. Record, tem seus méritos e deméritos. Assim como fez nas Olimpíadas de inverno, tivemos a oportunidade de ver as mais diversas modalidades sendo exibidas, não havia pequenos flashs na programação, os jogos foram inteiramente transmitidos, mesmo aqueles que algumas pessoas consideram chatos eles foram transmitidos e tiveram igual visibilidade.
Mas a falta de preparo da equipe jornalística da Record foi marcante. Narradores sem o mínimo conhecimento do esporte (poderiam ter feito uma pesquisa prévia, não é?), que soltavam ao longo das transmissões diversas pérolas. Falta de comentaristas em diversas modalidades, para que pudessem explicar ao telespectador sobre o esporte, ou a falta de experiência para os poucos comentaristas existentes. A presença de reportes por deveras inconvenientes, como aquela que estava na natação, além de soltar muitas perolas não tinha tato o suficiente para entrevistar os atletas.
E pior do que isso, é dedicar 5 minutos de uma retrospectiva, para simplesmente agredir a Globo por primeiro veicular a imagem sem exibir os direito e depois para ficar tocando picuinha, e vez de se preocupar com a sua própria transmissão.
Cabe agora a Record, treinar toda a sua equipe esportiva, para não fazer feio nas Olimpíadas, já que definitivamente esta competição esta em outro nível.Cabe também as outras emissoras a consciência de que elas devem fazer aquilo que elas existem para ser feitas, veicular informação relevante para os seus espectadores.
E finalmente ao governo brasileiro, o ministério dos esportes deve-se fazer um planejamento no desenvolvimento de nossos atletas, visando 2016.