*Atenção: Contém spoilers do livro.
Nem todo mundo gosta de saber de antemão o que encontrará nas páginas de um livro. Muitas pessoas gostam da surpresa ou do suspense de não saber como a história se desenrolará e nem que rumos os personagens terão.
Mas ao ler livros sempre do mesmo autor, voce acaba percebendo semelhanças entre as histórias e encontra um certo padrão, o que faz com que voce tenha algo a esperar da história e saber se há a possibilidade de o livro terminar bem.
Certo dia na bienal do livro de SP ano passado, resolvi comprar dois livros, pois me indicaram como boas leituras. Sai da Bienal então com Roubada e Belle da autora Lesley Pearse. O primeiro livro que encarei a leitura foi Roubada, na qual eu não resenhei, por que perdi o "time" da resenha, mas com a leitura eu percebi os principais elementos da escrita de Lesley.
Sabendo que Roubada foi um drama para lá de complexo, cheio de tramas e muito drama psicológico eu resolvi retardar a leitura de Belle o máximo que podia para estar mentalmente preparada para este livro. Coisa que venho fazendo com A culpa é das estrelas desde agosto, ainda não criei coragem para ler.
Mesmo com o livro aqui na minha estante, e lendo várias resenhas positivas do livro eu esperei 5 meses para ler o livro, e sinto que mesmo assim não foi tempo suficiente para me preparar para o que eu encontraria nas mais de 500 páginas do livro.
Eu achava Roubada um livro forte, com uma personagem corajosa que sofreu muito na vida e ao longo da história, mal sabia eu que Belle seria um livro para testar todos os meus nervos e principalmente a minha crença de que as pessoas podem ser boas, e que sim, podemos ter fé na humanidade.
Eu sou 100% livros de finais felizes, e por isso meu genêro favorito são os romances, principalmente os históricos. Eu sei o que eu vou encontrar nas páginas dos livros, eu tenho certeza que eu vou me entreter com cada linha de leitura e que ao final do livro eu estarei feliz. Um dos meus maiores prazeres em ler é justamente poder me descolar da realidade e saber que na imaginação do autor tudo é possível, saber que tudo pode acontecer, que podemos ter fé nas pessoas e principalmente a garantia de que o livro não vai me deixar pior do que eu já estou.
Eu não quero ler livros sobre tragédias, abusos, violência e todas essas coisas que eu só preciso ligar a televisão em um jornal local e ver que isso acontece na realidade. Também não quero ler livros que me lembrem coisas tristes da minha vida, como a morte de entes queridos, a violência que vejo nas ruas e na televisão. Por mais que por trás dessas tragédias tenham personagens fortes, exemplos de sobrevivência e de crer que voce tem que guardar esperanças até o ultimo momento. Quero de alguma maneira encontrar esperanças na minha leitura, de que de uma maneira ou outra as coisas podem dar certo.
Eu já li muito livros reais, dramáticos, tristes, histórias baseadas em fatos reais entre outros... mas a minha opção de ler sempre livros que me deixem feliz, vem simplesmente de um desejo pessoal de me descolar da realidade e poder dar azas a minha imaginação e principalmente não me deixar em uma posição mais vulnerável do que aquela que já estou.
Mesmo sabendo disso encarei a leitura de Belle, sabendo que o que encontraria no livro me deixaria mal. Mas não resisti ao impulso de deixar mais um livro "encalhado" na minha estante.
Ao término da leitura de Belle, o único sentimento que tive foi de perca de fé na humanidade. Pensar em como os homens podem ser ruins e sem escrúpulos como as pessoas agem simplesmente por interesses e que passam por cima de todos para conseguir o que querem.
Logo nas 100 primeiras páginas do livro já senti que o negócio seria tenso, que não haveria brechas para que coisas boas acontecessem. Belle é uma sucessão de “tragédias”, ou simplesmente horrores da vida. O subtítulo do livro é “É preciso ter coragem para perder a inocência”, e realmente é preciso ter muita coragem, até mesmo para conseguir ler o livro até o final.
Por diversos momentos eu parei de ler o livro, porque simplesmente não conseguia continuar, era muito sofrimento para uma personagem só, muita gente ruim cruzando o caminho dela, uma atrás da outra. Cheguei ao cúmulo de perder algumas horas de sono pensando nesta trágica história, porque o que li nesse livro não é muito longe do que acontece na realidade.
Numa das cenas desse livro, Belle é drogada e abusada continuamente por uma série de homens, loucos por sua juventude, e logo não foi nada difícil para mim associar isso aos estupros coletivos que ocorrem na Índia. Saber como os homens são mesquinhos, simplesmente me deu nojo, muito nojo.
Pensei em para o livro lá pela metade, quando finalmente Belle encontrou cerca de 10 páginas de paz, depois de ter sido estuprada, vendida para um bordel e sendo obrigada a se prostituir ela finalmente achou ter encontrado algo de bom ao se submeter a ser amante de um homem. Fui forte e segui em frente, para encontrar mais 250 páginas de mais tragédia. Aprendendo que não se deve confiar em ninguém.
Belle vê sua vida virar de ponta cabeça novamente, quando seu amante morre, ela é obrigada a sair fugida dos EUA e embarca para a França, onde é novamente enganada por pessoas que ela considerava boas. Quando as coisas voltam a ficar quase boas, novamente tudo desabada na cabeça de Belle , e eu pensava, “Esse martírio não terá fim?”
Porque toda vez que Belle estava quase a caminha da sua quase felicidade algo pior acontecia, inclusive quando ela finalmente conseguiu voltar para Londres.
E o final querido leitor, você deve estar se perguntando. Para conseguir terminar o livro eu tive que fazer algo que repudio fazer: ler a última página do livro. Se eu lesse ali (no livro), algo que me fizesse acreditar que algo pior do que já tinha acontecido com Belle se realizasse, eu simplesmente desistiria do livro, por que nem eu sou tão forte assim.
Bom querido leitor, o final é feliz. Mas não é uma felicidade ampla, um feliz muito morno para tanto sofrimento ao longo do livro, mas logo percebi que Lesley não escreveu essa história toda para chegar na ultima página e resolver tudo com um “felizes para sempre”.
Então você se pergunta se eu indicaria esse livro para alguém, eu eu digo com certeza que sim. E é por isso que dei 5 estrelas para o livro no Skoob. Não é porque eu odiei o livro por ser uma sucessão de tragédias que não identifiquei os méritos de uma história bem escrita, com detalhes que demonstram uma ampla pesquisa história e física de vários lugares, porque o livro se passa no início do século XX, e além disso ao autora te prende completamente da trama te impedindo de parar a leitura, de maneira que poucos conseguem fazer. É um livro para que gosta de um choque de realidade e que não se importa de ler histórias que poderiam ser mais que verídicas, que mostram mulheres fortes, que aprenderam com os casos da vida. Aprenderam a sobreviver, a se virar, a não confiar nas pessoas, mas acima de tudo a nunca perder as esperanças.
Agora, se voltarei a ler outro livro de Lesley Pearse, a resposta é categoricamente, NÃO. Não irei, e nem quero pegar em outro livro desta autora, cuja as histórias são demasiadas tristes para meu pobre coração romântico. Ler Roubada e Belle foi suficiente para testar todos os meus nervos e ver que não sou masoquista. Irei voltar para meus bons e velhos romances.
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